6.17.2009

O pedido.

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Casa comigo?

Carlos parou. Sua mão estava a poucos centímetros da maçaneta da porta. Seus olhos trasbordaram as lágrimas que tentavam secar. Aquelas palavras lhe foram como uma facada no peito. Ele pediu um tempo para Bruno e recebera como resposta um pedido de casamento? Por sua culpa seu namorado estava deitado numa cama de hospital com o corpo seriamente ferido pedindo-o em casamento. Virou-se lentamente e olhou para a cama. Bruno ainda olhava para o lado oposto e já não chorava mais.

Ontem eu disse que tinha algo para te dizer também. Era isso! Mas você não me deixou falar. Eu lhe dei a palavra e fiquei extremamente decepcionado com o que ouvi. Mas eu precisava te dizer isso, precisava que você soubesse da minha vontade. - Bruno voltou o olhar para Carlos que ainda estava parado próximo a porta - Nessa noite, durante o acidente, eu só pensava em você. Eu não queria morrer porque eu queria que você soubesse da minha vontade. Meu corpo todo doía dentro daquele carro, mas eu via o seu sorriso em minha frente, eu precisava ficar vivo pra te dizer que quero me casar com você. Que quero você cada dia mais e mais na minha vida. Obrigado por ser o homem mais especial em minha vida...

Se olharam sem nada dizer, Carlos chorava muito, as lágrimas caíam no chão como bombas carregadas de sentimento. Sua decisão estava tomada, e cada palavra do seu amado lhe feriam o peito.

'Cal', você não precisa me responder agora. Queria apenas que você soubesse. Eu te amo mais do que posso imaginar ter amado alguém em minha vida...

Não!

... entendo...

Não quero me casar com você. Não agora. Eu te pedi um tempo e é exatamente disso que eu preciso.

Bruno voltou o olhar para o lado oposto. Não chorava mais. Refletia sobre aquele momento, aquela situação. Carlos se aproximou da cama, puxou a cadeira que estava próxima e pegou na mão de Bruno.

Bruno, eu também te amo. Fiquei com muito medo de perdê-lo essa noite. Não consigo imaginar o meu dia de amanhã sem você, sem saber que você está por aqui. Mas eu preciso ordenar minha cabeça antes de tomar qualquer decisão. Casar agora? Não é muito cedo? Depois de ter te causado toda essa dor eu não acredito que você tenha me pedido isso...

Mas eu pedi. Eu ia pedir isso antes da dor, e você não é causador de nada disso...

Sim eu sou, se eu tivesse deixado você falar, se eu tivesse conversado com você, mas eu impus a minha vontade e ficou por isso mesmo.

Da mesma forma que está sendo hoje, você não teria mudado de idéia ontem... Eu te entendo 'Cal', e como já disse, queria apenas que você soubesse da minha vontade. Se você não está de acordo, tudo bem. Já te disse o que quero, o que penso. Você é ciente disso. Fiz minha parte, minha vontade.

Se olharam por um instante. Carlos se aproximou e beijou Bruno. Um beijo lento, com cuidado e muito apaixonado, pararam e com o rosto muito próximo se olharam profundamente, as palavras saíram da boca de Carlos quentes, lentas e sinceras, acompanhadas de um olhar intenso.

Eu te amo muito... seu porra!

Final romântico esse!

Riram. Carlos acariciou Bruno, passando os dedos suavemente sobre os contornos da boca, olhos e cada centímetro do seu rosto.

Então ficamos assim 'Cal'? Vamos "dar um tempo" no nosso relacionamento para que você pense? E depois?

'Mor', eu não vou aprontar nada, não se preocupe. Só preciso de dois dias, talvez três pra organizar as coisas na minha cabeça... eu acho!

Hum... devo ficar uma semana enfiado aqui. É tempo mais que suficiente pra você arrumar outro cara.

Pára com isso meu! Não vou te trocar por ninguém. Eu te amo, porra! Você não entendeu ainda? Preciso abrir essa janela e gritar pra todo mundo ouvir??

Eu acho que seria bacana, hahaha.

Bobão! Essa semana vai ser seu castigo. Vai ficar sem sexo.

Tenho mão pra que?

Hahaha, ai 'mor', como você é bobo.

'Cal'
, você vai passar a noite aqui comigo?

Vou!

Te amo!

Também te amo!

Se olharam e sorriram. As palavras eram sinceras, os sentimentos eram sinceros. A decisão estava tomada, o tempo pedido por Carlos seria dado, mesmo contra vontade deles. Carlos teria tempo para pensar na relação deles, teria tempo para pensar no pedido que acabara de recusar e ainda ecoava em sua mente. Ficaram conversando por mais algum tempo, Bruno contou detalhes do acidente até que adormeceu. O soro fazia efeito. Talvez fosse a primeira vez que Carlos via seu namorado adormecer. Acariciou-lhe o rosto. Refletiu sobre tudo que conversaram, sobre o quanto se amavam. Adormeceu com a cabeça apoiada na cama segurando a mão de Bruno. Não iria trabalhar no dia seguinte, ficaria ali com seu amado. Queria sim um tempo, mas não queria ficar longe dele.




Hugo Zanardi

Um comentário:

  1. Hugo, ai ai ai, fico numa aflição rsssssss .... se fosse eu já tinha dito sim rsss ....

    mas amei esse novo capitulo, fico sempre anciosa e curiosa, pra saber o q vai acontecer rsss ... semana q vem kéro ver se a decisão será tomada.

    bjo

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