2.24.2009

O encontro perfeito


Foi um domingo comum para uma pessoa que não tem "samba no pé". Nada melhor que ficar em casa assitir filmes, comer umas bobagens e ver mais filmes, porque ninguém merece o Faustão. Um dia de muito calor, então fica uma vontade de dormir, o corpo está mole e o ânimo está no pé, escorreu com o suor!

Mas a noite vem chegando e surge uma vontade incrível de se refrescar, e já que amanhã é segunda feira de carnaval, uma cerveja gelada é a melhor pedida... mas tomar onde?! Esse é o momento de ligar para os amigos e pedir ajuda:


"No bar?! Ahh não, muito sem graça
."


"Na casa daquele amigo?! Não, não, ele mora em apartamento e nós fazemos muita bagunça."


"Na balada?! ... Ótimo!!!"


Não tinha planos, exatamente, de sair de casa, mas já que surgiu essa possibilidade, vamos aproveitá-la. Mas vou de regatinha, short e tênis, afinal estou saindo para me refrescar!!


Eu gosto muito de dançar, e estou sempre disponível para esse tipo de programa.
Tomar banho, arrumar o cabelo, pegar o carro, passar na casa dos amigos, a diversão já começa aí, fazer "o esquenta" no bar que frequentamos e dirigir-se para a boate.


Entramos na boate, paramos no bar, pegamos um drink cada e fizemos nosso brinde de todas as noites, em seguida é ir pra pista e dançar... e olhar os corpos, afinal ninguém é de ferro, e nós estamos os três solteiros.


Eu estava dançando com os olhos fechados e fumando, minha bebida já tinha acabado. Quando senti as pontas dos dedos esquentarem e me dei conta que aquele cigarro chegou ao fim, abri os olhos e por um instante achei que não os tinha aberto. O que eu via em minha frente não parecia real.


Um homem, de regata branca, calça jeans batida e tênis branco, uma correntinha de prata dava um contorno ao seu pescoço e os óculos escuros lhe davam um ar de mistério. Acho que todos ao redor dele estavam tão extasiados quanto eu, até as paredes voltaram sua atenção para aquele ser, era impossível alguém que não o estivesse olhando. Era realmente o homem mais lindo da balada.


Pele morena, cabelos pretos lisos que caíam levemente sobre os óculos escuros de acordo com o corte que escolhera, sua boca tem uma forma única, bela, acompanhada de um sorriso preenchido por dentes perfeitos e brancos, seu rosto tem uma forma quadrada e a barba está por fazer propositalmente, braços definidos, mas não muito fortes, desenhados eu diria. Todo o corpo parecia desenhado por um artista extremamente minuncioso, caprichoso e atento aos detalhes na busca pela perfeição. Perfeição essa que ele depositou nesse desenho e que os Deuses criaram na forma desse homem.


E dançava, como dançava. Seu corpo, perfeito, se movia com graciosidade, talvez a luz piscante ajudasse sua beleza aumentar, parecia que a música invadia seu corpo e, ela, movia cada partícula dele. Não podia me mover, estava preso ao chão observando-o, ele estava bem na minha frente e por um instante o vi olhar na minha direção


"Será que estou de boca aberta?!?"
- Foi a primeira coisa que me veio à mente. Como se tivesse lido meus pensamentos ele sorriu.
"Nossa, que sorriso incrível ele tem. Deve ter alguém atrás de mim e ele está de olho nesse cara." - Olhei para trás, e não vi ninguém que correspondesse o sorriso. As pessoas pareciam ter se conformado com tamanha beleza e com a impossibilidade de ter uma chance com alguém tão lindo. Alguns ainda olhavam, mas ele olhava na minha direção.


Comecei a me sentir quente, precisava mesmo de outra cerveja, mas não podia sair daquele lugar. Então ele deu um passo em minha direção e tirou o óculos. As pessoas que estavam entre nós pareciam não existir. Seus olhos eram castanhos bem claros e faziam o contraste perfeito com a cor dos cabelos, e têm o encaixe perfeito em sua pele.


Sim, ele estava olhando pra mim. Meu sangue parecia ferver, o coração estava acelerado e eu fazia um esforço gigante para tentar continuar dançando e parecendo não me importar com a aproximação dele. Dançava completamente fora do ritmo da música, nem sei que música tocava.


A aproximação era real, ele desviou de todos em seu caminho e veio em minha direção, e me olhava, e buscava o meu olhar com o seu. Chegou muito perto, me olhou nos olhos e ficou ali, parado em minha frente, dançando e me olhando fixamente nos olhos. Eu podia sentir o calor do seu corpo de tão próximos que estávamos, ele começou a me conduzir numa dança sem me tocar, só com o olhar. Sentia uma imensa vontade de tocá-lo, mas não achava necessário, o momento ainda não tinha chegado. Um dedo dele escorreu lentamente pelo meu braço e foi juntar nossas mãos. Do outro lado fiz o mesmo, e a sensação de tocar em seu braço foi muito boa.


Estávamos de mãos dadas, nos olhando fixamente e dançando. Sua cabeça veio aproximando da minha até ficar testa com testa. Eu segurava minha respiração para não deixá-la ofegante.


Nossos lábios foram se aproximando, o chão pareceu sumir, o calor que sentia era enorme, a música foi sumindo lentamente e dando lugar a uma nova melodia em minha cabeça, parecia uma doce melodia japonesa... estranho mas conheço essa melodia!!!


"PUTA QUE PARIU, CELULAR DOS INFERNOS, ISSO É HORA DE DESPERTAR CARALEEO*"

Minha vontade era jogar meu celular pela janela e voltar rapidinho a dormir.
"Como assim?! Como assim?! Segunda feira de carnaval, porque esse lixo está despertando???"
Ele não estava despertando, era minha mãe ligando às 7h30 da matina para avisar que já estava chegando de sua viagem...
...


Levanto, vou lavar meu rosto e fazer um bom e forte café, afinal, é o que me resta, neste momento o homem do meu sonho, literalmente (ou oníricamente??), já deve estar vagando na mente de outro.

Hugo Zanardi
*desculpem pelo palavriado de baixo calão, hehehe

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