3.25.2009

Um dia feliz.


Bruno acordou cedo naquela sexta feira, saiu da cama com muita destreza. A luz entrava suave pela grande janela do quarto, atravessava com sutileza as pesadas e bonitas cortinas de cor vinho. Parou ao pé da cama e observou aquele corpo inerte na grande cama, em partes envolto pelo edredon azul-céu, deixando que a claridade desse uma linda fotografia das partes do corpo que estavam à mostra. Pensou em que estaria sonhando naquele momento, seu rosto exibia um sorriso singelo. Ficou por alguns instantes avaliando dentro de si mesmo o quanto era especial para ele, e se perdeu alguns momentos ali em frente a cama, sorriu e foi ao banheiro.

Após o banho, vestiu-se, pegou Haguen, o Maltês de 2 anos, pôs a coleira nele que já se agitava na expectativa de ganhar a rua. Haguen dormia no corredor de acesso do quarto maior para a sala. Levou-o até a cozinha, colocou a cafeteira para funcionar, no coador, pó de café brasileiro. Então os dois ganharam a rua. Bruno vestia um par de chinelos amarelos, um short bege, uma regata vermelha e seus óculos escuros, o sol era já vigoroso ás 8 horas.

Caminharam dois quarteirões, Haguen já estava sem a guia, foram até o mercadinho do condomínio, Bruno comprou pão de forma, requeijão, alguns frios, suco de laranja em caixa e o jornal do dia. Voltaram para casa. Morar no condomínio até o fazia esquecer de como era agitada a vida ali em Vegas.

Ao entrar já sentiu o cheiro do café que tomava conta da casa trazendo à ela um clima gostoso de uma ótima manhã. Estava muito feliz! Foi até o quarto, observou mais alguns instantes o corpo ainda deitado do seu companheiro. Aproximou-se carinhosamente e com beijos suaves em todo o rosto acordou Carlos, que lhe sorriu antes de abraçá-lo. Como esse sorriso é lindo! Bruno, após um beijo de 'bom dia', avisou Carlos que o café já estava quase pronto. Carlos foi para o banho e Bruno para as finalizações na cozinha.

Carlos entrou na cozinha já vestido para ir ao trabalho, calça preta social e camisa social azul com riscas brancas, seu sorriso radiante iluminava ainda mais a cozinha planejada. Na mesa estava o jornal do dia e o notebook já conectado a um site de notícias brasileiras, acompanhados do café forte que ambos gostavam e dos lanches que Bruno acabara de preparar. Carlos sentou-se e os dois comeram e comentaram sobre as notícias. Enquanto Carlos tomava seu suco de laranja e olhava as últimas notícias que lhe interessavam, Bruno se encarregava da cozinha.

Eu já te disse que te amo hoje 'Cal'?

Ainda não 'mor'.

Eu te amo! - Bruno olhava profundamente nos olhos de Carlos que sorriu no mesmo instante.

Eu também te amo! - Beijaram-se.

Como era bom sentir aquele beijo, era envolvente, dava muito prazer, traduzia muitos sentimentos. Adoravam se beijar!

Despediram-se na porta da sala, cada um iria para o seu trabalho. Carlos deveria ligar para a mãe de ambos no Brasil e deveria trazer e preparar o jantar. Bruno teria duas sessões do show em que trabalhava e traria a bebida, já sabia que compraria o vinho que os dois mais gostavam. Era uma noite especial.

Cumpriram suas obrigações diárias em seus trabalhos. Estavam muito felizes - Eu te amo! - dizia uma mensagem que Carlos mandou para o celular de Bruno - Eu te amo... mais! - recebeu em resposta. Sentia isso realmente, e sabia que era recíproco, sentia o tom de graça na mensagem, se conheciam a muito tempo.

Quando Bruno chegou do trabalho, com o vinho em mãos, Carlos o esperava no jardim dos fundos. Da porta da cozinha Bruno fez sinal com o vinho, já aberto, e duas taças em mãos. Carlos veio até ele e olhando-se nos olhos brindaram em silêncio, sabiam o que cada um desejava, e beberam apenas um gole.

A cozinha estava sutilmente iluminada por dezenas de velas, o cheiro que vinha do forno a gás era muito sedutor. Lasagna. Carlos sempre acertava quando queria agradar seu 'mor'. Comeram ouvindo MPB variadas e conversando sobre coisas do dia. Os olhares pareciam mais intensos nessa noite. Após o jantar e uma segunda garrafa de vinho foram para o quarto. Bruno carregou Carlos nos braços. Sempre se divertiam juntos.

Curtiram cada minuto da noite, cada beijo, cada respiro, se olhavam, se tocavam, se amavam! Fizeram amor nessa noite. Sempre faziam! Se amavam realmente. Chegaram juntos ao ápice, ao gozo e sorriram, suados, felizes. Bruno deitou e recebeu Carlos em seu peito, ele sempre se deitava ali, envolto pelo braço direito, com a cabeça repousada no peito de seu amante, recebendo carinho em seus cabelos negros, sentido o ar atravessar aqueles pulmões, senti-se protegido. Sentia-se amado. E realmente era. Adorava recebê-lo no peito e fazer carinho em seus cabelos. O amava, e sabia que era amado.

Assim adormeceram. Antes de cair no sono profundo Bruno ainda agradeceu a Carlos. Gostava de agradecer, mesmo que não fosse ouvido. Estava muito feliz de comemorarem 5 anos de união naquela noite. E sabia que Carlos também estava. Se amavam. Se amam.

Eu te amo 'mor'!!! - Dormiu, sabendo que no dia seguinte continuariam se amando e aconteça o que acontecer, vão se amar até o fim dos tempos.


Hugo Zanardi

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