6.10.2009

Hospital.


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Carlos desceu rapidamente do táxi, nem pegou o troco da corrida. Desceu correndo em direção a entrada da UTI, o segurança na guarita não teve tempo de segurá-lo, passou o aviso pelo rádio. Quando tentou entrar correndo no prédio foi detido pela segurança da recepção. O rádio havia sido mais rápido. Discutia com o cara grande que o segurara quando Sr. Nildo surgiu:

Tudo bem segurança, ele vem comigo. Ele vai se acalmar não é Carlos? Venha, sente-se um pouco. Sente-se!

Sentou contra sua vontade, seria o melhor para acalmar a situação. Seus olhos transbordavam pânico, espanto, curiosidade, um verdadeiro mix de emoções. Sr. Nildo se aproximou trazendo um copo d'agua, antes que Carlos pudesse dizer algo foi cortado pelo sogro:

Antes de qualquer coisa, se acalme. Ele está bem! Está no quarto da UTI faz uns quinze minutos com a mãe. Respirou fundo e pensou por um instante. Foi Deus que não deixou ele partir. O Kadett foi atingido na lateral, na porta do Bruno, por uma Pick up, e foi arrastado e bateu num poste. Ele estava em alta velocidade, os dois estavam. Mas o Bruno não é de correr... enfim, algo, acho que um pedaço grande de vidro, não sei ao certo entrou no peito dele, e por uma distância muito pequena não acertou o coração, ou uma veia importante... não sei exatamente, não dei muito ouvidos para o doutor. Fizeram uma operação para retirar, está tudo bem. Nova pausa, seus olhos estavam vermelhos, e lágrimas ainda ameaçavam cair. A perna esquerda quebrou em três lugares, a clávicula direita deslocou, está com muitos ferimentos nos braços e um na cabeça... Mas ele está vivo, isso que importa. Pegue meu cartão de visitante e vá até o quarto vê-lo. Ele já falou seu nome umas duzentas vezes. Vá!

Pegou o cartão laranja do sogro e pendurou na roupa. Até este momento não havia trocado muitas palavras com ele apesar de sempre estar presente nas festas e almoços. Apesar do momento incômodo, sentiu-se feliz de ter ouvido seu sogro. Ao chegar no corredor onde ficava o quarto encontrou Dona Tânia fechando uma porta, segurando um lenço para secar as lágrimas. Ao levantar o rosto ela olhou-o, sua expressão secou:

Não o incomode, ele está dormindo. Se ele não tivesse perguntado tanto por você, prometo que você não entraria aí. Eu sei que a culpa dele estar nessa cama é sua e da sua imaturidade. Você não sabe levar um relação. Por conta de suas bobeiras quase matou meu filho... mas tudo bem, não espero que você entenda mesmo.

Deixou Carlos parado no meio do corredor. Não sabia o que fazer. As palavras da sogra ecoavam em sua cabeça. Sim, a culpa era dele. Por sua causa Bruno havia saído dirigindo como um louco, por culpa sua estava correndo. Por causa de sua decisão Bruno não viu o carro que vinha em sua direção, não estava atento. Por sua culpa! Abriu a porta lentamente, somente a cama de Bruno estava iluminada por uma luz direcionada da cama. Parou e observou. Por sua causa o cara que amava estava deitado naquela cama. A perna esquerda estava imobilizada e suspensa, o braço esquerdo, enfaixado, descansava sobre o peito, o ombro direito também estava enfaixado e o braço ao longo do corpo recebia uma agulha que lhe trazia soro e os medicamentos, havia também uma faixa na cabeça e alguns curativos no rosto. Por um instante sentiu vontade de rir, Bruno parecia um desenho animado, como Pica-Pau ou Tom & Jerry quando são atropelados, mas não tinha nenhuma graça. Ele era o causador daquilo, causador da dor, das lágrimas da mãe, das suas lágrimas. Aproximou-se da cama, tocou a mão esquerda de Bruno. Chorou. Muitas palavras vinham á sua cabeça, mas nenhuma saíra. Bruno ouviria? Talvez. Sentiu uma pressão em seus dedos. Bruno o olhava:

Eu estou tão feio assim?

Carlos olhou para Bruno que levemente sorria, como podia fazer piadinhas num momento como este? Não conseguiu se conter. Sorriu.

Assim que eu gosto, ver você sorrindo. Apesar que seus olhos ficaram lindos assim vermelhinhos. - Sua voz saía falhada, mudou drasticamente de tom. O que você está fazendo aqui?

Eu vim saber o que aconteceu. Vim pra ver como você esta. Ficar com você. Cuidar de você.

Carlos você não é médico pra cuidar de mim. E já estou ótimo. Já acabou o tempo que você me pediu?

'Mor' não é assim também...

É sim Sr. Carlos. Agora, só porque eu estou deitado nessa merda de cama você está aí todo choroso?

'Mor'...

Meu nome é Bruno!

Carlos engoliu seco, respirou fundo, o choro voltou.

Bruno não vamos brigar agora, eu fiquei preocupado, pára com isso...

É só assim que surge a preocupação não é Carlos?
Chorava. Agora você vem se preocupar comigo né?

Pára Bruno, não é nada disso...

É isso sim... Sai!

O quê? Como assim?

Sai do quarto.
Chorava ainda mais, sua voz agora estava mais forte e decidida. Você pediu um tempo, e seu tempo ainda não acabou. Agora sai.

Eu não quero mais tempo nenhum. Pára com isso Bruno.
As lágrimas escorriam pelo rosto. Eu quero você, eu te amo!

Carlos... sai.

Silêncio. Bruno virou o rosto e soltou a mão de Carlos. Ele ficou parado ao lado da cama chorando. Isso não poderia estar acontecendo. Bruno seria assim tão radical? Carlos sentiu uma dor no peito, mais lágrimas. Se amavam. Olhou mais um instante para o namorado. Respirou fundo e virou-se para sair. Parou em frente a porta, baixou a cabeça e olhou mais uma vez para a cama. Bruno olhava para o lado oposto chorando.

Carlos...?

Estou saindo.

Casa comigo?

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Hugo Zanardi

3 comentários:

  1. hauhauahuahuahauahuaha
    Adorei. Que emocionante!!!
    Fiquei muito emocionado!
    Abração amigooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

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  2. Vlw querido!!! semana que vem tem mais ^^

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  3. ahhh .... q emoção .... eu tava anciosa por mais esse capitulo ... agora fiquei mais curiosa para o próximo naum demora a postar naum .. ai ai .. será q vai ter uma decisão de casamento ? rsss

    ficou perfeito .... todos os detalhes ... amei

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