7.22.2009

A cama vazia.


Carlos abriu os olhos e mirou a janela. Uma luz fraca e uma sensação fria chegavam até ele, estava sozinho na grande cama. Olhou para o lado, respirou fundo, passou a mão pelo espaço vago no colchão. Levantou-se e foi até a janela. O céu estava cinza e nuvens pesadas prediziam chuva. Suas lágrimas certamente viriam dos deuses. Cheirou o ar. O costumeiro cheiro de café não lhe invadiu as narinas, olhou mais uma vez pela janela. Era a primeira vez que apreciava um céu de um cinza tão intenso. A cidade inteira estava tomada pelo mesmo sentimento. Foi até o banheiro, escovou os dentes olhando-se no espelho, reparou as olheiras que o acompanhavam e as marcas de cansaço.

Dirigiu-se para a cozinha, não tomaria café mais uma vez. Pegou uma caixinha de suco e derramou seu conteúdo em um copo que estava sob a pia. A cozinha estava uma bagunça, à dias sem limpar. Louça acumulada, óleo impregnado nas paredes e nas bancadas antes tão bem cuidadas, iluminadas e higiênicas. Era como se o próprio Catrina houvesse devastado aquela pobre paisagem interna. Olhou com desgosto para o acumulo de sujeira, sentiu um misto de asco e ódio em seu peito e atirou o copo contra a parede, criando um novo foco de imundice.

Foi até a sala e sentou-se na poltrona em frente a TV. Na sala a cena se repetia. Dezenas de pacotes de pipoca, pacotes de salgadinhos, potes vazios de sorvete invadidos por pequenas formigas. Havia dispensado a empregada. Queria ficar sozinho, pensar, refletir. Não imaginava que seria assim. Não tinha vontade de nada. Não limpava, mal comia, e dormira mal nas últimas 4 noites.

Estendeu o braço até a mesinha ao lado da poltrona e alcançou o porta retratos prateado que continha dois sorrisos. Dois homens sorrindo. Cabeças encontradas olhando para frente e sorrindo com vigor. Um deles tinha olhos verdes intensos e profundos, duas esmeraldas que saltavam do papel fotográfico e quase podiam tocar-lhe a face. Ele e Bruno. A foto que Bruno elegera como a mais linda dos dois juntos enfeitava a sala, dando um ar alegre e descontraído aquela simples mesinha.

Agora essa mesma foto era o motor gerador de lágrimas que iniciavam lentas e discretas, traziam sentimentos e lembranças ao coração e à mente, que faziam aumentar o choro e a saudade. Saudade de Bruno que não estava mais ali, que o havia deixado, sentia sua falta cada instante, tanto tempo juntos, tanto amor dispensado, e agora tanta dor em seu peito, a casa vazia, a distância de todos. Ele se foi mas Carlos ficou, o sentimento ficou e permaneceria eternamente, tentou conter o choro, quis atirar longe o retrato, mas o máximo que conseguiu foi tocá-lo com os lábios e beijá-lo tremendo, querendo que o calor de Bruno surgisse ali, naquele momento trazendo novamente a alegria para aquela casa, para que o sol, ali, brilhasse mais uma vez. A chuva caiu, forte, e presente.

Um clarão cruzou o céu. Um relâmpago caiu forte e estrondoso. Carlos sobressaltou da cama, transpirando, assustado e chorando, olhou para os lados tentando entender o que acontecia. Olhou para o lado da cama. Vazia, chorou mais. Fitou o relógio e apurou a visão. 3 da madrugada. A chuva castigava o telhado. Acalmou-se e pegou o celular, discou para Bruno. Caixa postal. Lembrou-se da viagem, deveria estar ainda no avião ou próximo já de pousar. Respirou, se acalmou. Ele voltará em 5 dias. São apenas 5 dias. Discou novamente. Caixa postal, a mensagem personalizada, o sinal sonoro:

Bruno, eu te amo muito e quero ficar sempre ao seu lado. Já estou com saudades. Te amo pra sempre!

Desligou o celular, voltaria a dormir e quando o sol estivesse no céu sabia que seu amor ligaria. Estava mais calmo, foi apenas um sonho, ainda era amado por Bruno, sabia disso, sentia o mesmo por ele.




Hugo Zanardi

4 comentários:

  1. Meu Deus que deprê.
    Isso passaaaaaa
    Bola para frente.
    Adoro sempre seus post, amigo.
    Abração

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  2. Hugo qrido, eu bem q senti falta de minha leitura semanal (rs), mas imaginei q vc estivesse aproveitando o mês de julho ...
    Mas olha .... esse post ficou perfeito, comecei a ler, pensando .. putzzz Carlos e Bruno terminaram di novo ..:( mas ufaaa foi só um pesadelo ... ai ai ...

    sei bem o q é naum saber do amor de sua vida ... aff dói muitooo ...

    Tenho lido suas histórias e tenho pensado na minha própria, mininu do céu, axo q daria um livro de drama é claro (rs).

    Mas ficou perfeito viu,
    bjins ...

    Fico anciosa esperando o próximo capitulo ..

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  3. c vc trocasse os nomes por carla e bruna seria uma serie lesbica perfeita...
    ahhhhhhh... qto amor!!
    credo!
    poe esses 2 fervendo na noite paulistana!!!
    kkkkkkkkkkkkkkkkkk
    bjos!
    t amo!!

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  4. Quase choro... tão romântico...


    Abço^^

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