7.01.2009

Encontro marcado.


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Celular tocando. Número não identificado. Pode ser algum trabalho, melhor atender.

Alô!? Quem fala?

Oi! É Bruno?

Sim, até que se prove o contrário eu sou o Bruno, e você??

Oi, meu nome é Carlos, você...

Que Carlos?

Então, você não me conhece exatamente. Ontem nos esbarramos no metrô Sé e por acaso sua agenda ficou comigo...

Ahh, você é o cara do sorri... é... da trombada!

Sim, eu mesmo.

É, percebi que havia perdido minha agenda, então ficou contigo. Que bom!

Ficou sim, e gostaria de encontrá-lo para devolvê-la. Na busca de um telefone vi que tem muitas coisas anotadas e deve precisar muito dela.

Nossa cara, seria muito legal se você fizesse isso por mim, nossa, vai salvar minha vida. Quando posso te encontrar?

Então, hoje após sua aula de piano você tem umas 3 horas até seu próximo compromisso. Podemos nos ver nesse intervalo?

Legal, tenho um secretário agora. hahahaha... desculpe, sim podemos! Onde?

Você estará onde por volta das 18 horas?

No centro, próximo ao Anhangabaú.

Podemos nos encontrar no metrô então?

Sim. Ás 18 horas?

Isso, 18 horas na catraca de saída do metrô Anhangabaú.

Obrigado então... Carlos ?

Sim Carlos.

Até ás 18 horas.

Desligou o telefone e sorriu sozinho. Aquilo seria uma pessoa querendo ajudá-lo ou havia pensado certo e aquele rapaz que tromabara no metrô havia demonstrado por Bruno um certo interesse? Seria um rápido encontro para efetuar apenas a entrega da agenda, ou tomariam um café juntos? O tal do Carlos havia fuçado sua agenda, sabia seus compromissos. Interesse? Voltou ao trabalho, às 18 horas faria o convite para um café, esperava que o rapaz aceitasse, estava com a adrenalina a mil por aquela situação. Achou o sorriso do rapaz muito bonito, apesar dos xingamentos e da reprovação. Conversariam por algum tempo, se o papo fluísse não iria para a academia. Ficaria e conheceria melhor o tal Carlos. Olhou para o relógio ansioso, 11h30, respirou fundo. Faltava muito tempo.


Carlos deixou o escritório e certificou-se que a encomenda se encontrava dentro da bolsa lateral. Não sabia o que aconteceria, mas esperava algo além de uma entrega fria de dois desconhecidos apenas cumprindo um protocolo de boa vizinhança. Tentou se ater aos livros, mas a cada estação olhava janela afora, mesmo tendo ouvido através do operador em que estação se encontrava. Chegou no Anhangabaú às 18h05. Será que reconheceria o rapaz? Sim. Aqueles olhos não fugiram de sua tela mental um único segundo nas últimas horas. Ao chegar na catraca não o encontrou. Atrasado para a reunião ontem, atrasado para a entrega hoje, pensou. E no mesmo instante surgiu por detrás de uma coluna um rapaz com lindos olhos verdes que caminhava em sua direção.

Oi. Carlos?

Sim. Bruno?

É...

Está aqui, sua agenda.

Ah, sim, obrigado! -
Bruno olhava profundamente nos olhos de Carlos que parecia corar levemente, um breve silêncio se instalou, seguido por um riso singelo de um Carlos que não queria enfrentar os olhos do oponente que quebrou o gelo - Vamos tomar um café? Eu pago, é o mínimo que posso te oferecer pela bondade de vir até aqui.

Não, obrigado, não é...

Por favor, não me faça essa desfeita, como você sabe tenho 3 horas para não fazer nada, se você estiver livre e puder me acompanhar eu ficarei extremamente grato.

Carlos aceitou e partiram para um bar simples e pouco movimentado na rua 7 de Abril. Sentaram e conversaram um pouco sobre suas vidas, o que faziam, onde moravam, o que estudavam. Bruno olhava fixamente para o sorriso de Carlos que estava encantado com o brilho nos olhos de Bruno.

Posso te fazer uma pergunta bem indiscreta Carlos?

É... sim pode!

Bruno aproximou o máximo que pode o rosto ao de Carlos e baixou muito o volume da voz: Você é gay?

Carlos ficou completamente encabulado e quase sem reação, visivelmente desconfortado com a pergunta direita e com os olhos arrebatadores que pareciam vencer todas as barreiras mais íntimas da sua alma.

Sim, sou!

Como aquelas palavras haviam saído de sua boca? Com que permissão? Ao menos uma coisa era certa, se essa pergunta havia surgido era por algum motivo especial. Estava explícito, Brno também era gay. Bruno sorriu e piscou. Carlos ficou aliviado, sua dúvida estava certa, sabia o que significava aquilo. Sorriu. Bruno aproximou o rosto mais uma vez.

Vamos pra um lugar mais reservado? Para que eu possa beijar sua boca?

Carlos mais uma vez consentiu inconscientemente. Bruno pagou o que haviam consumido e partiram. Sabiam o que desejavam naquele momento. Sabiam para onde iriam. Só não sabiam o que viria a render esse primeiro encontro. Não se importavam neste momento, queriam apenas curtir como dois homens carregados de excitação costumam fazer. Partiram para o envolvimento, logo essa excitação seria plena e duradoura, bastava apenas uma ajuda de um simples amigos chamado Tempo.




Hugo Zanardi

Um comentário:

  1. Hugo ...
    mininu do céu ...
    esse post ficou "maravilindu"... fiquei imaginando o encontro de Carlos e Bruno, o final de tarde, o bar ...

    ia ia ... ficou perfeito ....

    parabéns como sempre ...

    bjins e tenha uma bela semana

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